terça-feira, maio 6

A imagem, o espelho e as nuânces

Sempre, desde pequeno, fui meio gordinho. Quando se é criança, sem problemas. Você vai à praia, brinca na areia, toma sol e corre, tudo isso sem camiseta. Quando entramos na puberdade, começamos analisar os corpos alheios e queremos ser como eles. Então, você começa a ficar debaixo do guarda-sol, falar que o Sol está muito forte, ou o mar muito gelado, ou a areia muito quente. Enfim, fica de camiseta debaixo do guarda-sol, com vergonha do mundo por causa da sua barriga.

Hoje, não vou dizer que estou sarado, pelo contrário, estou até pneuzadinho, mas me sinto bem. Bem o suficiente pra me analisar, e falar: "Sim, você é um gato". Às vezes, aquele monstro que criamos na nossa cabeça não está na cabeça da outra. Temos que aprender que nem sempre o que pensamos sobre nós mesmos é o que realmente somos. Entende?

Isso se aplica à várias coisas. Acho que sou um escritor regular. Outros dizem que escrevo muito bem. De vez em quando eu me achava gordinho, quando era apenas um garoto normal. A vida vai passando e começamos a ver que nem sempre tudo que pensamos é, de fato, verdade.

O espelho é outra coisa que me encanta e fascina. É um pedaço de vidro que reproduz uma imagem de tudo. Mas me intriga. Já percebeu que, ao levantarmos a mão direita para o espelho, ele levanta a mão esquerda? Como posso confiar em algo que mostra uma imagem errada? A verdadeira beleza está naquilo que guardamos e pensamos. É apaixonante encontrarmos pessoas com bons sentimentos. Não vou ser hipócrita dizendo que a beleza externa não importa, porque ela importa. Mas é efêmera. Enquanto a beleza da alma é eterna.

Já tive verdadeiras crises de baixa auto-estima. A chegar ao ponto de não querer sair de casa. De pensar que, quando as pessoas riam, estavam rindo de mim. Besteira. Besteira, quanta besteira! Tudo isso é fruto dessa sociedade que, convenhamos, vende imagens modificadas e protótipos ideais de estilo, corpo e comportamento. E isso me irrita a little bit. Queremos ser o que somos, sem pré-conceitos. Sem o ideal. Porque o ideal é formado pelas opiniões de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Não podemos ser levados por esses que ditam o que é cool ou não.

Sim. Aprendi isso depois de muita terapia no espelho. Muito papo comigo mesmo. Depois de muitas conversas com meu pai e com a vida. Aprendi a analisar a sociedade em que vivemos e me proteger dos frutos podres que ela coloca em nossas cabeças.

A imagem? Ilusão. O Espelho? Contradição. As nuânces? Imitação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Luis .... quanta encanacao a gente tem nao eh?? mas com o tempo a gente vai percebendo o que realmente interessa... Escrevi um texto hje antes de ler o seu .... acho que eles tem a ver .... abco!