sexta-feira, outubro 31

Amor Instantâneo

Não sei se já amei.
Se já, não fora como os muitos relatos que canso de ver.

Não senti pernas bambas, taques cardíacos.
O máximo foi um exulto de felicidade comprimida com uma emoção muito forte.
Mas amor... Amor, não.

E fico aqui pensando se nasci para o amor.
Para ser amado, para amar. Plenamente.
Será que essa vida não passa de uma viagem árdua e solitária, cujo o único destino é o desconhecido?

Paixões, dessas de carne, já tive muitas.
Depois de algumas vezes, você cansa.
Não completa mais. Não preenche mais. Você precisa de mais.


Precisa do carinho, da atenção, de cuidados.
Precisa partilhar seus planos, suas idéias, seus ideais...
Mas acho que não encontrei a pessoa certa para isso.

Que Deus (oh! isso sôoa tão católico!), ou Buddha, ou Rá, ou qualquer nome que dêem para essa força, possa me dar a felicidade de saber que estou errado.
O amanhã é um dos motivos da minha ansiedade.
Quero me ver amanhã.
Quero ver o que acontecerá.

Não espero as coisas acontecerem.
Sou ansioso demais.
E, talvez, seja por isso que eu mergulho em relacionamentos.
E é por isso que me magôo tanto...

Preciso desse remédio.
Dessa ambrosia.
Desse bálsamo.
Dessa cura.
Desse ser.

E o caminho para alcançá-la é o mais irritante: a paciência.

Alguém tem uma crystal ball por aí??

quinta-feira, outubro 30

Poema das Cinzas

Escrito durante a aula de Física.

"Grito no silêncio dos meus dias sombrios e escuros.
Passo as horas vendo a leve deposição dos fatos.
Uma fina massa de intrigas e interesses ficam na comunhão dos pecados alheios.
E o riso de escárnio se arrasta pela multidão, assombrando-a.
Os pilares de nossas convicções singelas e concretas
Se desfazem em grãos de incerteza e lamúria.
Nossas vidas não podem ser mais sustentadas.
Acomodam-se nas costas da realidade.
E, talvez, o acaso, por descaso,
Nos fada a encará-la.
A doce,
A cruel,
E a forte
Verdade."

quarta-feira, outubro 29

Organização e Horários

No mundo agitado em que vivemos, a necessidade de planejamento é indispensável.
Juro que eu adoraria ter agenda, planejar meu dia, horários, tarefas, ligações, almoços...
Enfim... Essas coisas de gente grande.

Eu até consigo criar o planejamento. Vejo o horário de cada tarefa. Planejo com minúcia.
Mas não consigo seguir. Pelo menos, não depois das 2 primeiras semanas. RESULTADO: mil post-its espalhados pela casa, e a mão cheia de recados em caneta bic.

Confesso que eu não me dediquei muito. Não fui persistente.
Mas um dia eu chego lá! Estudarei todos os dias. Correrei todos os dias. Vou ler os livros do Kafka e Jostein Gaarder diariamente... E ainda conseguirei baixar as músicas que eu quero!

O meu problema é que eu quero fazer mil coisas ao mesmo tempo. Queria estudar mais. Ficar mais na Internet. Conhecer mais pessoas. Rir mais. Ler mais. E não dá!

E, como bom Taurino, sempre acabo priorizando aquilo que me trás satisfação. E preciso ser mais Ariano! Saber os meus objetivos. E correr atrás deles com afinco e destreza. Agora, meu maior desejo para 2009 é o de ser organizado. Mas não organizado ao ponto de ter hora pra cagar! ¬¬"

Pois é. Admiro você, leitor organizado. E o invejo. Chegarei ao seu status um dia. :D

E estou feliz por meu blog ter mais leitores! Que bom que muitas pessoas gostam do que escrevo. Continuem lendo! E continuem comentando.

sábado, outubro 18

Paraíso

Ele acordou antes do relógio despertá-lo. Abriu os olhos e espreguiçou-se daquela maneira gostosa. Lançou os olhos em direção à cortina de algodão cru que balançava ao ritmo da brisa do mar.

Calçou aqueles velhos chinelos, pegou aquela velha xícara e requentou aquele velho café de ontem. Bocejou, esfregou os olhos, e foi ao banheiro. Sentou-se, e fechou os olhos, naquele momento de alívio e preguiça. Lavou as mãos, e foi a varanda ver o mar. O céu, daquele mesmo tom de cinza clareado, apresentava-se estranho.

Ele voltou para dentro de sua casa, e colocou aquela música de dias como aqueles: dias preguiçosos. Colocou o café na xícara e o bebericou sentado no sofá pequeno e confortável de sua pequena e confortável sala. Fechou os olhos novamente, e aspirou aquele cheiro inconfundível de café ao som da música. Riu do dia anterior. Riu do amor que foi embora ontem, e que voltaria hoje. E se pegou lembrando da noite passada.

Lavou a xícara. Comeu uns biscoitos. E arrumou um livro desalinhado da estante. Tomou o banho quente, na luz cinza e triste do dia. Lavou-se, e a preguiça escorrera pelo ralo. Voltou ao quarto, vestiu-se, desligou o rádio, e desceu para o quintal, onde o carro o esperava para mais um dia, deixando a cama desarrumada e a toalha molhada em algum canto.

Deu partida. E foi. Andou naquela estrada da encosta em direção àquela pequena cidade onde trabalhava. Lá embaixo, as ondas batiam na escarpada. A espuma soltava o cheiro de mar. E o aroma impregnou no carro. Afastou-se da costa, e cruzou os campos de trigo, onde as velhas olharam-no com aquele sorriso de velhice. Retribuiu com o aceno jovial de sempre.

Chegou. Trabalhou. Tomou decisões. Escolheu. Conversou. Almoçou. Trabalhou. Tomou mais decisões. Escreveu. Riu do e-mail. Respondeu com amor. E lembrou de novo da noite anterior. Um dos únicos raios de sol passou pela vidro polido da branca janela de seu escritório. E pensou na sorte que tinha em estar ali. Em viver com o amor de sua vida. Em viver na casa que sempre sonhara ter. No emprego que sempre quisera ter. E na vida que levava.

Ligou. Marcou no petit caffé do Centro. E ao chegar, seu coração bateu mais forte. Instintivamente, olhou para o espelho. Ajeitou o cabelo, e sorriu em direção a. Sentou confortavelmente.

- "Os pães daqui são ótimos!" - disse.
- "Você acha que marcamos aqui por pura coicidência?".

Ele riu baixinho. Colocou sua mão na mesa. A outra entrelaçou-se a sua. E as alianças faíscaram a mais um raio de sol que iluminara o dia dele. O céu continuava naquele cinza de antes, mas parecia mais feliz. As cores pareciam mais vivas. Tudo era mais real e puro quando estava com o seu amor.

Comeram aqueles ótimos pães. E tomaram um café forte. Ao longe, bem ao horizonte, nuvens anunciavam a garoa. Saíram, e foram na pequena mercearia. Seus olhos registravam preços, e sua mente fazia contas. Comparava. Pensava. E seu amor era alheio. Primava pelo melhor, e sempre o escolhia. Discutiram de forma doce. Riram e chegaram num concenso.

Pensando no que iria cozinhar, ele começou a colocar tudo o que precisava. Macarrão. Tomates. Cebolas. Alho. Temperos. Manjericão. Cenoura. Berinjela. Maçãs. E tudo o que precisaria para a semana.

Compraram e foram para a casa. Cozinharam. Comeram. Conversaram. Riram. Ele leu. Seu amor assistia. Conversaram mais um pouco. Colocaram música. Dançaram. Riram. Caíram no chão coberto pela noite nublada e chuvosa. Fizeram planos de sair dali. Mas ali, tudo era tão perfeito, que logo abandonaram a idéia. Fizeram mais planos. Filhos. Mais alguém além dos dois. Seria tão bom...

Pensaram em nomes. Em móveis. Em espaço. E pensaram em mudar dali. Mas ali, tudo era tão perfeito...

Se amaram, como se fossem únicos, e eram, de fato. Conheciam os corpos um do outro como ninguém. Tudo era tão prazeroso. Tão único. Tão intenso e leve. E dormiram com o cheiro de grama molhada, que invadia o quarto através das frestas da janela de madeira. Ele levantou-se da cama e olhou seu Amor dormindo. Naquele momento de paz, olhou para o céu chuvoso, e numa prece rápida e silenciosa, agradeceu por tudo aquilo.

Esquentou a água, bebeu seu chá. E olhou o relógio na luz noturna da lua minguante que banhava a cozinha. O reflexo das gotas escorria pela parede e pelo relógio.

- "Preciso ir dormir" - dissera ele, baixinho.
- "Então vamos voltar para a cama" - respondeu o seu Amor.

Ele riu de espanto e prazer. E cedeu-se mais uma vez ao prazer pleno de estar com a pessoa que mais amava nessa sua vida. E adormeceu com aquele sorriso nos lábios.

Acordou com o cheiro característico do café preparado pelo seu Amor. Era diferente do seu café. Era mais forte. Ele levantou e ajudou com o café, beijando como sinal de presença. Sorriram com o simples fato de estarem um na presença do outro.

E assim começava um domingo chuvoso no meu paraíso...

quarta-feira, outubro 15

Na Tristeza as palavras fluem


Me estressei.

Chorei. Chorei. Chorei. Esbravejei contra o mundo e contra todos. E chorei.

Contra o dinheiro. Contra o Capitalismo. Contra o meu esforço de reverter a situação na qual me encontro. Contra o Comunismo. Contra a vida. E contra a Morte.

E depois ele veio.

O Silêncio Triste me dominou.

Eu, indo de metrô, ouvindo Neil Young. E as lágrimas saltavam como se tivessem vida. Como se fossem vivas. Uma mistura de fingimento e verdade. Uma mistura que fez com que uma moça tirasse um lenço da bolsa, e me entregasse. Não o usei. Só agradeci.

Naquele momento, tudo se juntou. Tudo se fez único. Podia sentir a minha mente criando textos sobre a tristeza e a dor. Podia sentí-los fervilhando na minha cabeça. Ahh! Como eu queria ter uma máquina de escrever ali. Digitaria ali, digitaria e digitaria.

As pessoas me olhariam com um olhar curioso e excêntrico. Mas me olhariam. E eu escreveria. Mas nesse fluxo de devaneio, o sinal de descer tocou. E eu saí do trem.

E segui o meu destino insólito contra a permissividade e crueldade da vida que levo.

Mas o Neil Young continuou tocando. E eu andando. E as pessoas vivendo.

E eu aqui. Escrevendo... Escrevendo... Escrevendo...

segunda-feira, outubro 6

Passaportes, nós?

Sinceramente, me sinto um passaporte.

E não é desses de uma pessoa que viajou uma vez para a Argentina, voltou, e o jogou no cofre.
É desses passaportes de pessoas que viajam pelo mundo inteiro!

"Mas, Luiz, por que passaporte?"

Vou explicar a analogia. Assim como um passaporte que recebe inúmeros carimbos, me sinto "carimbado" pelas pessoas. Sim, verdade.

Parece que para ser uma boa pessoa, você tem que ter os seguintes carimbos: "Não jogue lixo na rua"; "Faça caridade"; "Reze todas as noites"; "Vá à missa aos Domingos"; "Seja sempre bom com os outros", dentre outros. Se falta um desses, "me desculpe, você não é uma boa pessoa".

Ahh... É muito pra minha cabeça.

Para você ser um cara adolescente: "Cuspa no chão"; "Seque 'as mina', brow!"; "Comente alto sobre a bunda da garota que passou"; "Prefira fazer horas de academia a ler".

É tão ridículo. É tão anulante, que eu tenho um medo dessas pessoas. Sério... Sério mesmo. Para mim, pessoas que compram essa idéia e a usam diariamente (inclusive para excluir aqueles que são aquilo, e não tem todos os carimbos), são muito pequenas. Precisam de um plano de vida. Precisam se agarrar nessas convicções bestas para que, quando alguém as questione sobre aquilo que elas são, possam apontar os seus carimbos e dizer: "Olhe! Eu sou assim! Não precisa me questionar a respeito!"

Seria tão mais fácil rasgar esses passaportes. Fazer amizades. Expor nossas vidas, nos ajudar mutuamente. Mas não... Ser humano é ser humano, né. Tem que inventar comportamentos para classificar aqueles que são ou não daquele tipo.

Sou contra esses estereótipos bizarros. Sou contra essa fábrica de comportamentos que as pessoas levam consigo. Para quê? Para provar para alguém algo que nem está certo dentro de você mesmo?

Besteira, né.

As vezes, esse comportamento é tão inconsciente que não nos damos conta que somos adeptos dele. Quebre as correntes da incosciência, e descubra que você é muito mais! Seja livre para ser e fazer o que quiser! Só não esqueça do bom senso, e que fique máxima: "Faça o que quiser, desde que não maltrate nada ou ninguém".

E você? Já rasgou seu passaporte?